Instituto da USP debate saúde pública em tempos de sucateamento e “mais médicos”

O Instituto de Estudos Avançados da USP reuniu especialistas e realizou debate sobre o sistema público de saúde em tempos de sucateamento e “mais médicos”.

“Debates como esse servem para
expor alguns dos principais males
que corroem o Sistema Único de
Saúde (SUS) – entre eles a opção
por ações emergenciais, em
detrimento de medidas
estruturantes, subfinanciamento e
adoção de políticas inspiradas em
interesses eleitorais. Busca-se só
alívio dos sintomas, em vez de
atacar a sua causa. Um exemplo
disso seria o Mais Médicos.
O professor Paulo Hilário Saldiva,
da Faculdade de Medicina da USP,
chama a atenção para um outro
aspecto do problema, até agora
pouco discutido – o que define
como privatização branca do SUS:
“A mesma (privatização)que
ocorre na segurança quando você
decide instalar uma guarita na rua
porque tem medo da violência;
escola ruim, você paga uma
particular; transporte ruim, o
melhor é comprar um carro. Na
saúde tem os planos de saúde.
Esse processo de privatização
branca vem desmontando o SUS”.

Diz o editorial do Estadão:

Além da polêmica que continua a
provocar, o programa Mais
Médicos tem pelo menos um
mérito, se se pode dizer assim: o
de avivar a discussão sobre o
sistema público de saúde, os
graves problemas que o afligem e
a necessidade urgente de
encontrar solução para eles.
Nessa linha, merecem atenção as
conclusões de debate sobre o
programa, promovido pelo
Instituto de Estudos Avançados da
Universidade de São Paulo (USP),
que reuniu renomados
especialistas na questão.
Debates como esse servem para
expor alguns dos principais males
que corroem o Sistema Único de
Saúde (SUS) – entre eles a opção
por ações emergenciais, em
detrimento de medidas
estruturantes, subfinanciamento e
adoção de políticas inspiradas em
interesses eleitorais. Busca-se só
alívio dos sintomas, em vez de
atacar a sua causa. Um exemplo
disso seria o Mais Médicos.
O professor Paulo Hilário Saldiva,
da Faculdade de Medicina da USP,
chama a atenção para um outro
aspecto do problema, até agora
pouco discutido – o que define
como privatização branca do SUS:
“A mesma (privatização)que
ocorre na segurança quando você
decide instalar uma guarita na rua
porque tem medo da violência;
escola ruim, você paga uma
particular; transporte ruim, o
melhor é comprar um carro. Na
saúde tem os planos de saúde.
Esse processo de privatização
branca vem desmontando o SUS”.
Ele também considera a
contratação de médicos
brasileiros e estrangeiros, dentro
daquele programa, sem direitos
trabalhistas e avaliação de sua
competência, como mais uma
forma de enfraquecer o SUS.
Independentemente de suas
motivações políticas – das quais
as ações do governo federal nesse
terreno também não estão
isentas, ao contrário -, o
governador Geraldo Alckmin está
coberto de razão ao afirmar que
“mais médico é bom, agora esse
não é o problema da saúde
brasileira hoje. O problema é o
financiamento”. Seu diagnóstico
do SUS coincide com o de
especialistas alheios à política: “O
SUS entrou em colapso, em crise,
porque prestadores de serviço
não têm mais como prestá-lo. A
tabela (de procedimentos) precisa
ser corrigida”.

O governo investe no Sistema
Único de Saúde muito menos do
que deveria. Prova disso é que
aquela tabela cobre apenas 60%
dos custos. Os 40% restantes têm
de ser cobertos pelos hospitais
privados – Santas Casas e
hospitais filantrópicos – que
prestam serviços ao SUS. Isso
também não deixa de ser uma
forma de privatização perversa do
SUS.
Afinal, embora o governo não se
canse de exaltar o atendimento
universal prestado pelo SUS, são
entidades privadas que pagam
40% de suas despesas. Recorde-se
que elas respondem por 45% das
internações do SUS e por 34% dos
leitos hospitalares do País.

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/a-crise-da-saude-publica-editorial-do-estadao/

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