JUIZ DE FORA – CRISE NO HPS: Plantonistas repelem ameaças.

O serviço de cirurgia do HPS acha-se ameaçado pela deficiência de sua escala de plantão. As condições para o exercício ético da profissão e para o atendimento à população usuária do SUS acham-se ameaçadas. Os médicos que atendem nesse serviço tentaram uma negociação com a administração municipal. Diante da gravidade da situação apresentada e da morosidade da aplicação de soluções, resolveram cobrar soluções consistentes e responsáveis aos gestores de saúde. A resposta foi um memorando em que se procura desqualificar a posição reivindicatória dos médicos, tentar responsabilizá-los pela situação e criar um clima de ameaça e medo, para coibir qualquer movimento que vise estabelecer condições para o exercício ético da Medicina, que tem como resultado condições adequadas de atendimento.Os salários pagos pelo empregador, a Prefeitura de Juiz de Fora, aos seus médicos está longe de ser satisfatório, os médicos sofrem discriminação salarial e isso está gerando uma dificuldade crescente de recrutamento de mão-de-obra especializada e de sua fixação nos locais de trabalho. A Secretaria não pode varrer essa realidade para baixo do tapete.

Diante disso, a Direção Clínica do HPS, como parte diretamente interessada na manutenção de um atendimento público e de qualidade às pessoas que demandam a unidade, fez um apelo às negociações e ao respeito pelas práticas democráticas. Abaixo transcrevemos a carta aberta do Diretor Clínico aos gestores municipais de saúde.

 

 

CARTA ABERTA SOBRE A CRISE NO SERVIÇO DE CIRURGIA DO HPS. 

Ilma. Sra.

Eunice Dantas.

DD. Secretária Municipal de Saúde.

Juiz de Fora.

 

Ilmo. Sr.

Cláudio de Castro Reyff

DD. Subsecretário de Urgência e Emergência.

Juiz de Fora.

 

Estamos vendo ser criada no HPS, principal unidade pública de pronto atendimento a urgências e emergências de Juiz de Fora, uma situação muito grave. Por isso decidimos apelar ao bom senso das partes e à necessidade de, antes de tudo, restabelecer a verdade. Acreditamos que a gravidade da questão já está ultrapassando as paredes do HPS e da Secretaria de Saúde e atingindo níveis mais amplos de repercussão.

 

Em consideração ao Memorando 154/2009/SS/Gabinete, apresento-me, respeitosamente, para fazer saber à Sra. Secretária de Saúde e ao Sr. Subsecretário de Urgência e Emergência que a Direção Clínica do HPS, no uso das atribuições que lhe confere a legislação federal e a Resolução 1342/1991 do Conselho Federal de Medicina, DEPLORA PUBLICAMENTE a tentativa de reprimir o movimento dos cirurgiões plantonistas do Corpo Clínico do HPS, ou qualquer argumento que vise a desqualificar os reivindicantes.

 

Declaro que, na fundamentação de seus argumentos, no citado Memorando, esqueceu-se de fazer referência ao que reza o Artigo 23 do Código de Ética Médica: “É direito do médico recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar o paciente.” E também ao conteúdo do Artigo 85: “É vedado ao médico utilizar-se de sua posição hierárquica para impedir que seus subordinados atuem dentro dos princípios éticos.” E, sobretudo, existe o preceito (que deve ser de conhecimento de todo médico) de que o profissional não pode atuar sob condições que possam, de forma previsível, resultar em risco de dano para o paciente.

 

Causa estranheza a tentativa de culpar os colegas plantonistas pelas deficiências em sua própria escala de plantão. A obrigação de prover recursos humanos para o serviço é um ônus do empregador, que dele não pode renunciar. Em novembro de 2006, a Direção Clínica do HPS dirigiu representação ao Ministério Público, deixando clara a carência de recursos humanos, e advertindo que era previsível, em algum momento, que houvesse o comprometimento das escalas de trabalho no HPS, colocando em risco funcionamento regular de serviço essencial. De lá para cá, nada foi feito de consistente e responsável. Apenas promessas e vãs declarações de intenções. O empregador, a Prefeitura de Juiz de Fora, aqui representada por Vossas Senhorias, continua praticando discriminação salarial contra os médicos, ao pagar-lhes menos 25% do que o nível superior, está praticando má remuneração dos profissionais, não está sendo observante da necessidade de garantir condições adequadas de atendimento à população. Todos sabem que os culpados por essa situação, que resulta na atual crise, não podem ser encontrados nas salas e enfermarias do HPS, atendendo pessoas que são usuários do SUS. Os verdadeiros culpados sempre puderam ser achados atrás de mesas, nos gabinetes da Secretaria de Saúde, longe da população atendida e procurando pretextos persecutórios para atingir os próprios empregados da instituição, como forma de justificar a ineficácia de suas ações.

 

Igualmente não é legal a ameaça contida no memorando de acabar com o médico diarista e incorporá-lo ao plantão, haja vista que isso configura uma alteração indevida do contrato de trabalho. Já existe, inclusive sólida jurisprudência sobre essa questão, a ponto de causar espécie o seu desconhecimento pelos atuais gestores de saúde da Prefeitura.

 

Isso posto, a Direção Clínica do HPS reserva-se no direito e não recusará seu dever de encaminhar ao Sindicato dos Médicos, ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, ao Ministério Público Estadual, ao Ministério Público do Trabalho e à opinião pública a denúncia de qualquer ação que vise desqualificar os profissionais desse corpo clínico, e que se façam ouvidos de mercador às condições adversas de exercício profissional e ao consequente prejuízo aos usuários do SUS.

 

Esperando que prevaleça o bom senso e o espírito democrático das negociações e do consenso, sendo superada a idéia de que o enfrentamento e a desqualificação dos médicos seja o caminho para a solução dessa crise, despedimo-nos com protestos de estima e consideração.

 

 

 

Atenciosamente,

 

 

 

 

 

 

Geraldo Henrique Sette de Almeida.

CRMMG 13938 – MASP 388.003-6 – MAT. PJF 7185-4.1 , ABP MAT.00172

DIRETOR CLÍNICO

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Comentários

  • José Petronilho Ribeiro da Silva  On 22 -setembro- 2010 at 8:57 am

    Gostaria de saber porque os funcionarios da emergencia e urgencia ganham tão pouco assim creio que eles deveriam teer um salario pelomenos de uns c$1.500 reais, pois com o que eles ganham é muito pouco pelo que eles passam n HPS que é o que mais tem contaminação eu falo isto é porque já fui enfermeiro e tenho uma larga esperiencia no assunto. Acho que o senhor Prefeito Custodio Matos deveria pensar com carinho no assunto.

    José Petronilho Ribeiro da Silva.

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  • Marlene Oliveira Ravaiani  On 17 -agosto- 2010 at 11:12 pm

    Na semana passada, meu irmao teve uma crise de rins, e foi levado pro HPS.Naõ ficamos nem 5 mins lá.A começar pelas recpcionistas, que nao tem preparo nenhum para o atendimento.Que falta de educaçao!!!!E, que nojo sentí daquele ambiente.Acabamos no Monte Sinai e com um atendimento exemplar!!!Coitados dos pobres, que nao tem grana para pagar, são atendidos como cachorro!!!!Sem mais……..Marlene ravaiani

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  • Bruno  On 17 -maio- 2010 at 10:57 pm

    Gostaria de saber quando é que o prefeito Custódio Mattos vai fazer uma visita ao HPS e aos hospitais da cidade pra sentir na pele o que o povo ta passando com os serviços de emergencia em nossa cidade. Só aparece na hora de pedir votos. Vergonha um prefito ASSIM!!!

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  • William  On 17 -maio- 2010 at 10:51 pm

    Sabado dia 15/05 fui levar minha tia de 65 anos ao médico e fiquei surpreso com tanto descaso com o povo! Passei pelo regional leste, fui na UPA que me diziam que era ótimo, e depois fui parar com ela no HPS porque todos estavam lotados.Minha tia estava passando muito mal com dores insuportáveis no corpo, febre e vomitando muito. Mesmo ela tendo 65 anos e passando muito mal ouvimos da atendente que prioridade ali era so pra quem chegava de ambulância ou carregado, sem importar a idade e nem o que a pessoa esta sentindo. Não tinha nem lugar pra minha tia sentar de tanta gente que estava aguardando o atendimento lento e desumano. Vi pessoas cairem no chão na fila de marcação porque nao aguentava mais ficar em pe de tanta dor. È muito triste a situação do povo que não tem condiçoes de ter um plano de saúde bom, na verdade eu imaginava que era ruim, mais o que vi ali passa de ruim muitas vezes, é péssimo! Vi uma mulher com uma filha que tem paralisia cerebral com febre alta ir embora com risco de ter convulsões porque nem previsão de atendimento tinha. Algumas atendentes até debocham do povo que esta ali angustiado esperando. Vou resumir porque o assunto é longo: Minha tia só foi atendida depois de 8 horas de espera e de ter até tentado ir embora porque não aguentava mais esperar e logo em seguida ter que voltar correndo pois passou mal dentro do carro. Ficou internada, recebeu alta na segunda ainda passando mal e não recebeu nenhum exame que confirma o que ela tem de verdade. Nem quando estava esperando e nem la dentro ninguem tirou a pressão dela pra ver como estava. Ela tem problemas sérios com a pressão. è humilhante o que o povo passa na hora que precisa de atendimento médico. Vários funcionários do hospital ja estão tão acostumados com a situação que tratam o povo com total descaso e deboche. Tomara que vocês nunca precisem passar por isso, porque pra quem ta dentro é facil rir dos outros , agora quando quem precisa e fica nesta situação, sofre demais ! Outro absurdo e que não deixam o acompanhante entrar com a pessoa que esta passando mal pra que possamos explicar o medico o que há, pois na verdade a pessoa que esta passando mal as vezes nem esta aguentando falar o que tem. Mudem isso , isso é desumano com o povo. O trabalho de vcs é muito importante,tratem o povo com respeito, na lei de DEUS todos somos irmãos sem essa de classe social. Lamentável o atendimento ho HPS e outros hospitais públicos em Juiz de Fora. Triste pra quem precisa!

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