RETRATOS DA CRISE NA SAÚDE
De norte a sul, de leste a oeste, o noticiário nos coloca diante da realidade de uma crise nos serviços públicos de saúde. Esses retratos da crise na Saúde tem sido destacados no Fax Sindical, sobretudo em consideração ao período eleitoral, onde a saúde entrará nos debates e no discurso dos candidatos. A preocupação dos brasileiros com o tema é destacada em pesquisas de opinião.
Os que dizem que o SUS melhorou podem apenas estar cumprindo um dever de ofício ou manifestando um compromisso político com os atuais ocupantes do Ministério da Saúde. Na verdade, nesses retratos da crise, vemos um sistema com problemas que pedem urgentes soluções. Se há melhoria, há também problemas graves, sem solução aparente. Esse vêm à tona frequentemente no noticiário, colocando em xeque o discurso que a saúde pública no Brasil vive o melhor dos mundos possível.
Questões referentes à política de recursos humanos são importantes. Saúde é feita de pessoas para pessoas. A importância dos recursos humanos na área é inquestionável e a compreensão disso pode ser exigida aos gestores.
Em Rondônia, anestesistas pedem demissão. A demissão parece ser a porta da saída para a crise encontrada pelos médicos do Estado de Pernambuco. Em Natal, trabalhadores da Saúde denunciam caos em hospital e precariedade dos serviços assistenciais, enquanto o eleitor potiguar manifesta que a Saúde é uma de suas principais preocupações. No Rio Grande do Sul, sindicato denuncia falta de leitos em UTI para pacientes do SUS. São mais alguns retratos da crise que devem ser levados em conta quando analisamos a situação atual da saúde pública no Brasil. São fatos que derrubam o discurso ufanista oferecido por alguns sanitaristas e políticos sobre a situação. Pede-se seriedade ao tratar do tema.
Em Rondônia – diante da baixa remuneração anestesistas do Hospital de Base pedem demissão e estão todos cumprindo aviso prévio. Chama atenção a precarização do serviço público de saúde e a falta de motivação decorrente de baixos salários. Esses dois problemas gravíssimos da política de recursos humanos aplicada pelo Governo no SUS têm sido causa de dificuldades para a gestão do sistema e desconforto para a classe médica. Até aqui o Ministério da Saúde e o Congresso Nacional não sinalizaram com qualquer medida efetiva que equacione, de forma consistente e satisfatória, esse problema.
FONTE: “Rondônia ao Vivo. 31/07/2008 – 16:45
Secretário de saúde define em reunião no MP que até dia 18 soluciona crise dos anestesistas
Em reunião realizada no início da tarde dessa quinta-feira (31) o Ministério Público do Estado de Rondônia, o secretário estadual de saúde, Milton Moreira, definiu junto com representantes do MPE e Ministério Público Federal, direção do Sindicato dos Médicos de Rondônia e anestesiologistas emergenciais um prazo para tentar solucionar a crise que vem ocorrendo no Hospital de Base, em relação as exigências salariais dos anestesistas, que cumprem atualmente aviso prévio até o dia 03 de agosto.
Foi acordado na reunião que o prazo para que os anestesistas continuem trabalhando no Hospital de Base seja até o dia 20 de setembro, como combinado no contrato, e que antes disso, até o dia 18 de agosto, o secretário de saúde dará uma resposta sobre o aumento sugerido.
Na quarta-feira (30), em entrevista ao Rondoniaovivo.com, o presidente do SIMERO – Sindicato dos Médicos de Rondônia, Otino José de Araújo Freitas, disse que em relação ao reajuste salarial, os anestesistas estão recebendo R$ 5.000,00 por 40 horas de trabalho na semana, a categoria esta reivindicando um aumento salarial com duas propostas: R$ 6.000,00 por 20 horas de trabalho ou R$ 12.000,00 por 40 horas.
Pernambuco – diante da falta de sensibilidade da autoridades para a negociação e para o entendimento da situação gerada pela má remuneração do trabalho médico e condições inadequadas de trabalho, a demissão em massa volta a ser vista como uma saída pelos médicos do Estado de Pernambuco. Aguarda-se lucidez do Governo para encontrar uma solução para a crise. A matéria está no JC on-line.
Médicos do Estado ameaçam entregar cargos – Publicado em 01.08.2008 – Do Jornal do Commercio, Recife-PE.
Os médicos vinculados à Secretaria de Saúde de Pernambuco decidiram nesta quinta-feira, por unanimidade, entregar os cargos a partir de hoje. A categoria se reuniu em assembléia no auditório da Associação Médica de Pernambuco.
De acordo com o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), aproximadamente 500 médicos especializados devem aderir à proposta acatada em assembléia. “Em algumas especialidades, como as de cirurgiões vasculares e otorrinos, já contamos com adesão de 100%”, afirmou.
Além de médicos do Estado, marcaram presença na assembléia representantes dos sindicatos de Brasília, São Paulo e Alagoas. “Se vocês decidirem pedir demissão amanhã, nem se preocupem porque não virá médico algum de Alagoas para substituí-los aqui”, garantiu o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Galvão.
Logo no início da reunião, o presidente do Simepe, Antônio Jordão, criticou o anúncio do governo do Estado sobre a proposta do novo modelo de gestão. “Eles disseram que iam fazer um grande anúncio no último dia 30 e vêm com uma proposta de um modelo de gestão construído exclusivamente pelo Executivo. Demos um voto de confiança ao governo na semana passada e esperávamos que eles sentassem à mesa conosco”, reclamou.
Durante toda a assembléia, os médicos deixaram claro o impasse com o Executivo estadual. “Infelizmente, uma semana se passou e não há proposta concreta para a categoria. Esse governo tem demonstrado negligenciar o diálogo. Na semana passada, liguei para o secretário (João Lyra) e informei que, em assembléia, a categoria tinha votado pela mesa de negociação”, ressaltou o vice-presidente do Cremepe, André Longo. “Não estimulamos a demissão; este é um ato individual mas na situação em que se encontram os médicos, é natural se recusar a trabalhar”, concluiu.
O Simepe garantiu que estudará maneiras de comunicar a decisão à população. “Estamos numa luta salarial, mas também lutamos pela saúde pública, como sempre fizemos”, disse Jordão. “Não tenho dúvidas de que a população está do nosso lado.”
Rio Grande do Norte.
Caos em hospital é denunciado pelos trabalhadores da rede hospitalar pública. Sindsaúde denuncia caos – A matéria está no Diário de Natal. Reflete-se à precariedade geral que se instalou na atenção pública a pacientes portadores de transtornos mentais.
Funcionários do Hospital João Machado, referência em atendimento psiquiátrico no Rio Grande do Norte, denunciam condições precárias de atendimento no local. Durante ato promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde), na manhã de ontem, servidores revelaram ser comum casos de pacientes que ameaçam ou chegam a agredir funcionários, demais pacientes e até visitantes. Outras queixas são a falta de um ambulatório, o número reduzido de leitos e a grande quantidade de pacientes que são internados devido à dependência de substâncias químicas. Atualmente, 493 profissionais atendem a 138 pacientes internos.
Segundo Paulo Martins, diretor do Sindsaúde, o número de pessoas agredidas por pacientes nas dependências do hospital é muito grande, mas os funcionários se omitem por medo de serem repreendidos. Paulo afirma também que os dependentes químicos são alojados juntamente com os internos que apresentam transtornos mentais. ‘‘Deveriam existir alas separadas para esses pacientes, mas a situação é tão grave, que por falta de vaga tem gente que volta para casa e muitas vezes vira prisioneiro da própria família, pois em casa não têm como serem cuidadas adequadamente’’, completa o diretor do Sindsaúde.
Uma funcionária, que preferiu não se identificar, reclama da falta de um ambulatório no hospital. Ela diz que para serem atendidos, os pacientes chegam ao pronto-socorro e o médico avalia a necessidade de uma internação. ‘‘As consultas dos pacientes que chegam ao hospital deveria ser feita nos postos de saúde, já que isso é atribuição do município, mas o problema é que os postos raramente possuem psiquiatra. É duro ver que muitos precisariam ser internados aqui e têm que ir para casa, esperar surgir uma vaga’’, lamenta.
A diretora geral da instituição, Geneci Andrade, rebate as declarações dos funcionários afirmando que os casos de agressão são esporádicos e só ocorrem por fazer parte das características dos transtornos psiquiátricos. ‘‘Dependendo do quadro, o paciente pode ter exacerbadas as questões da sexualidade ou agressividade e quem trabalha na área tem que estar preparado para se deparar com este tipo de situação. Isso não é uma constante aqui no João Machado e quando ocorre, todas as medidas necessárias são tomadas’’, assegura.
Geneci diz que estão sendo realizadas ações voltadas para a melhoraria da assistência, mas a demanda de dependentes químicos vem crescendo muito nos últimos anos. A diretora considera que a assistência a esses pacientes não deve ser oferecida em hospitais psiquiátricos, mas a estrutura atual não permite separá-los dos demais pacientes. ‘‘Queria saber qual a proposta do Sindsaúde para a questão da saúde mental no Rio Grande do Norte. Chego até a considerar se eles não estariam utilizando o hospital como palanque político’’, finaliza a diretora.
Enquanto a população de Natal inclui a Saúde entre as suas principais preocupações a serem discutidas nesse debate eleitoral de 2008
Natalense reclama da insegurança e da Saúde
Comércio é arrombado dez vezes em um ano. Família perde móveis com chuvas. Mãe espera um dia inteiro para filho ser atendido. Notícias como essas rondam as páginas dos jornais de Natal diariamente, mas dizer que a população se acostumou com esses problemas é um erro. Prova disso é o resultado da pesquisa Certus/Diário de Natal que perguntou ao povo, além da preferência entre os candidatos que disputam a prefeitura, quais as maiores dificuldades enfrentadas na capital potiguar. Segurança, Saneamento Básico (drenagem) e Saúde figuraram como os três pontos mais citados pelos natalenses.
Fonte: Diário de Natal – Pesquisa Certus-Diário de Natal, informa que Saúde está entre principais preocupações dos eleitores em 2008.
No Rio Grande do Sul profissionais de saúde denunciam condições precárias de trabalho. Faltam leitos em UTI. Não há qualquer sinalização do Ministério da Saúde sobre uma solução para esse grave problema.
01/08/2008 | 19h47min
Profissionais da saúde reclamam da falta de leitos de UTIs no Estado
Bebê de dois meses que aguardava transferência para um leito morreu em Alvorada
Eduardo Rodrigues | eduardo.rodrigues@diariogaucho.com.br
A tentativa desesperada de salvar uma criança não depende apenas do conhecimento da medicina. Além dos procedimentos clínicos e terapêuticos, os médicos são obrigados a enfrentar um desgaste extra: ficar pendurado no telefone tentando convencer o funcionário da Central de Regulação de Leitos da Capital e do Estado a conseguir uma vaga para internações de urgência.
Morte comoveu médicos
Na edição desta sexta-feira, o Diário Gaúcho mostrou o drama vivido pela família do pequeno Kallvin Gabriel da Silva Oliveira, dois meses, em Alvorada. O menino, que aguardava transferência para um leito de UTI pediátrica, morreu de bronquiolite viral aguda (um tipo de problema nos pulmões) antes de obter o atendimento especializado.
A morte do bebê desesperou os pais e os médicos do Hospital de Alvorada, que sentiram-se impotentes diante da burocracia e da falta de estrutura dos serviços de saúde do Estado.
Ouvidos pela reportagem, profissionais que lidam com essa dificuldade diariamente revelam como isso afeta as suas vidas. A mãe de Kallvin também desabafou.
— Tiveram de escolher entre meu filho e outro que também estava em estado grave. Passaram a vaga para outro menino — lamentou Camila Gomes da Silva, 19 anos.
Confira relatos de um drama diário:
— Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para salvar a vida daquela criança. Os médicos estão desistindo de trabalhar conosco porque têm de se envolver com essa parte, que é muito desgastante — disse Roberto Benevett, chefe de unidade hospitalar da Fundação Universitária de Cardiologia, responsável pela administração do Hospital de Alvorada e do Hospital Padre Jeremias, em Cachoeirinha.
— Mais uma criança morreu por falta de leito, ninguém agüenta mais isso. Os médicos tentaram, insistiram, foram incansáveis, mas não conseguiram — disse uma auxiliar de enfermagem do Hospital de Alvorada, que preferiu não se identificar.
— Já passamos por isso. A gente fica de mãos atadas, não tem o que dizer pra família. Eles acham que não estamos fazendo nada, mas, por trás disso, infelizmente tem uma burocracia enorme — disse Fernanda De Carli Batistello, chefe interina da Enfermagem do Hospital São Camilo, de Esteio.
— É uma situação dramática que se vive. Os médicos ficam com crianças em estado grave, medicadas, mas sem ter muito o que fazer. Ficam desesperados. Na rede privada, os leitos estão certinhos, com alguma folga. Na rede pública, são insuficientes — disse Maria Rita de Assis Brasil, vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers)
— Cada vez que temos uma criança nesta condição, temos de deixá-la no respirador na Emergência, sem a estrutura que ela precisa. Ficamos 24 horas, 48 horas tentando leitos em uma UTI, sem conseguir. Daí contamos com a influência da Secretaria Municipal da Saúde para ver se conseguimos a vaga — disse Adriano Venturini, diretor técnico do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Canoas. Fonte: Zero Hora – Diretor Técnico de Hospital de Canoas denuncia falta de leitos em UTI.
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